I TM 4:116

Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. 1 TM 4:16

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A gospelização está em alta

Por Pr. Ciro Sanches Zibordi


Pense num beco estreito e sombrio, com calçamento de paralelepípedo, cercado de galpões. Imagine-se entrando por uma das portas, de madrugada. Você avista jovens de jeans rasgado e camiseta preta, cabelo eriçado, bracelete, tatuagem e piercing. Com latinhas de energético à mão, eles dançam sorridentes e saltitantes. Casaizinhos em cantos escuros trocam carícias e beijos...

A descrição acima é de um encontro evangélico (evangélico?) que está se tornando cada vez mais comum, e com o apoio das lideranças, nesses tempos pós-modernos. Estou falando da “balada gospel”, diferente da balada original, mundana, visto que foi “gospelizada” pelos seus frequentadores, pertencentes à “geração gospel”.

Muitos cristãos (cristãos?) do nosso tempo têm usado o adjetivo “gospel” para “santificar” atitudes, posturas, comportamentos, condutas e eventos que outrora estavam relacionados a pessoas que não conhecem o Evangelho. Parte-se da premissa de que o crente tem liberdade para fazer o que quiser e se divertir do jeito que bem entender — mesmo que imite o mundo —, e ninguém tem nada a ver com isso.

“Não me diga que você é um daqueles protestantes retrógrados que ainda pensa que participar de festa junina é impróprio para o cristão. Deixa de ser legalista, meu chapa! Acorda, rapá!”, diria um famoso telepregador gospel. Isso mesmo: já existe o “arraiá gospel”, também conhecido como “festa jesuína”, inclusive em algumas pretensas Assembleias de Deus. O mesmo se aplica a baile e desfile de carnaval, música erotizante (que simula o ato sexual), esporte (esporte?) violento e sanguinário — cuja “bola” a ser chutada ou golpeada com a mão é a própria cabeça do “esportista” —, Halloween (conhecido como “Elohim”), “pegação”, etc.

Como se depreende da leitura deste artigo, “gospelizar” é, pretensamente, “tornar evangélico”. Uma vez “gospelizado”, o que outrora era considerado pecaminoso pode ser praticado livremente, sem peso de consciência.
O lema dos crentes da “geração gospel” é: “Vamos curtir a vida. Afinal, Jesus não é careta”.

Os líderes e membros das igrejas “gospelizadas” se conformaram com o mundo. Seus cantores se inspiram em astros mundanos, como declarou, há algum tempo, o integrante de uma famosa banda gospel: “A gente ouve Bob Marley, mas só para se informar”. A tônica das mensagens “evangelísticas” pregadas nessas igrejas é: “Venha como está e fique como quiser”.


Empreguei o termo “gospelização” pela primeira vez em abril de 1994, em um texto que escrevi para o jornal Mensageiro da Paz. À época, escrevi: “Os que quiserem podem até pular carnaval, pois já existem blocos de ‘samba evangélico’. Para os apreciadores de bebidas fortes já existe a ‘cerveja gospel’, sem álcool, é claro. E não ficaremos surpresos se lançarem o ‘cigarro gospel’, sem nicotina”. Naquela época, esse texto soou como profético para os conservadores, e ácido demais para os liberais, em razão de o processo de “gospelização” ainda estar em seu início.

Não tenho conhecimento de que o “cigarro gospel” tenha sido inventado. Em compensação, hoje temos o
“carnaval gospel” , o “arraiá gospel” , o “dia das bruxas gospel” , as “lutas de gladiadores gospel” , o “barzinho gospel” , a “balada gospel” , o “funk pancadão gospel” ... Como diz um “meme” do Facebook (imagem acima), “Só está faltando o inferno gospel”.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Passarinho que acompanha morcego...

PASSARINHO QUE ANDA COM MORCEGO, ACABA DORMINDO DE CABEÇA PARA BAIXO



Por Antognoni Misael

Quem consegue ver que o Evangelho nos dias atuais tem sido ultrajado por um atraente “Evangeliquês de Conveniência”? As palavras-chave para essa epopeia são: bênçãos, prosperidade, unção, decreto, show e tudo que for semelhante a prazer, bem estar e felicidade material. É o evangelho do “me dou bem” porque Deus é fiel a mim! É o evangelho do ‘antes pobre’ e do ‘depois rico’, do ‘antes atribulado’ e depois ‘sombra e água fresca’. É o evangelho da árvore grande, vistosa, mas sem fruto e raiz alguma.
Como blogueiro, acompanho muita gente escrevendo sobre essa crise no meio evangélico. Interessante é perceber como podemos olhar para um mesmo livro, para uma mesma cruz, ou talvez para uma mesma circunstância e vermos as coisas escandalosamente às avessas. Fico refletindo: como um corpo (igreja) de um mesmo estereótipo a cada instante se estranha por ver dentro de si tantas práticas e ideias contrárias ao que um dia foi defendido e vivido por Cristo, pela igreja primitiva e pelos reformadores? Sei lá, acho que não estamos olhando para o mesmo norte. O corpo tá estranho. Preciso me revirar, gritar, e deixar claro: “Não creio em modismos, esquisitices e heresias! Não é essa a igreja que vi em Jesus Cristo, em Atos dos Apóstolos, assim como não é essa cosmovisão e radicalidade que vi nos reformadores levantados por Deus para revolucionar o século XV e XVI”.
Notório é pra quem já deixou de ser criança – assim como Paulo menciona em 1 CO 13:11– que estamos vivenciando uma crise e desfalecimento da igreja brasileira (sugiro a leitura do livro O fim de uma Era, do Bispo Walter McAlister). Quanto mais ela “cresce”, mais ela se fragmenta, se (des)identifica, se deteriora, se desqualifica e se despede do temor e amor a Verdade.
Nos entraves disso tudo, quem se cala, entra no bloco do tal “avivamento” e dança com a música (gospel) a festa do inchamento; quem acusa o problema, passa a ser taxado de rebelde, descrente, perseguidor ou como disse o Malafaia, de ilustre desconhecido e vagabundo.
Certa vez João Alexandre falou: “Passarinho que anda com morcego, começa a dormir de cabeça pra baixo”! Ali ele se referia revoltosamente a muitos evangélicos no Brasil. E ele tem razão. Tem muitos morcegos por aí sugando a fé dos cansados, a convicção dos perseverantes, a liberdade dos livres. Contudo, assim como João eu também faço coro: prefiro levantar a cabeça, ver a cruz, a liberdade em Cristo e a Graça de viver além de números, movimentos, e das palavras-chave.
Eu, Antognoni Misael, prefiro ser passarinho que voa na contramão da tempestade, mas que não dorme de cabeça baixa. E você, ainda anda com morcego?

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Verdade ou Unidade


Por Wilson Porte Jr.

Verdade ou Unidade. Se você tivesse de optar entre a Verdade e a unidade no seio da Igreja de Deus, por qual você optaria? Você ama mais a Verdade ou a Unidade? É óbvio que ambas são importantes e que, quando vivenciadas na mesma igreja local, que isso é o ideal. Todavia, em um tempo quando a Igreja de Deus se encontra dividida por muitas ‘vozes’, ‘visões’, e ‘novas revelações’, torna-se necessário que nos questionemos: manter-nos unidos, mesmo sabendo que há mentira sendo pregada entre o nosso povo, ou manter-nos na Verdade, mesmo que essa custe o rompimento entre nós e pessoas que amamos?

Inacreditavelmente, a maioria tem optado pela unidade. A Verdade tem deixado de ocupar o lugar mais importante na Igreja de Deus. Não há mais uma luta pela Verdade, mas um discurso pagão em favor da unidade e do politicamente correto. Por quê? Porque deixamos de pregar o que é e quem é A Verdade!

Não podemos nos esquecer de que Jesus Cristo é a Verdade (Jo 14.6). Não há outra! Ele é, e tudo o mais, para ser verdadeiro também, deve estar nEle ou proceder dEle. Nesta batalha pela Verdade, nós só temos dois lados: ou você está com ela ou não. Ainda que uma espada tenha que ser colocada entre você e pessoas que você sinceramente ama, que você nunca deixe a Verdade!

Se você questionasse os membros de sua igreja quanto ao que é mais importante, o que eles responderiam: A Verdade ou a Unidade na igreja?

John MacArthur, em seu livro A Guerra pela verdade, descreve como esta está, agora mesmo, sob ataque. “Muita coisa está em jogo”, como diz Albert Mohler, sobre o livro de MacArthur. A mentira e a tolerância têm vindo de forma veloz sobre o povo de Deus, e este tem dado as boas-vindas para aquelas. O povo de Deus está em perigo! Muitos escolhidos têm sido enganados. E o que faremos? Deixaremos de falar a Verdade em amor? Deixaremos de pregá-la? Deixaremos de mencionar o nome daqueles que têm-na pervertido? Não! Devemos fazer como o Apóstolo Paulo em 2Tm 4.10,14; 1Tm 1.19-20; 2Tm 2.16-18 e Gl 2.9-11, dando nome aos responsáveis pelo veneno que tem, falsamente, alimentado muitos que amam sinceramente a Verdade.

MacArthur, em um debate no programa Larry King Live, da rede americana CNN, diz que vivemos atualmente uma guerra, e não uma briguinha, mas uma grande guerra “pela integridade, pela autoridade, pela veracidade, pela inerrância e pela inspiração da Bíblia”, diz MacArthur (veja o vídeo aqui).

A grande falácia de nosso tempo é que ‘não há verdade’, ‘tudo é relativo’ (como se essa afirmação já não fosse um absoluto) – cada um tem a sua própria verdade, e ninguém deve ficar julgando o outro. De fato, Jesus Cristo nos exortou a não julgarmos as motivações do coração de ninguém, pois somente Deus as conhece perfeitamente. Mas, em nenhum momento a Bíblia nos exorta a não julgarmos as palavras e atos públicos desse alguém, principalmente se essa pessoa estiver falando em nome de Deus.

Não se trata de odiar ninguém, pois “se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso” (1Jo 4.20). Trata-se de amarmos a Verdade, sincera e profundamente. Trata-se de amarmos a Deus sobre todas as coisas (ideologias, achismos, tradicionalismos, usos e costumes, líderes, etc.).

Que Deus tenha misericórdia de Sua igreja em nossa nação. Que Deus nos envie um genuíno avivamento espiritual, a fim de que possamos amar mais a Verdade, orar mais à Verdade, ler e pregar mais a Verdade: à Jesus Cristo, a própria Verdade que nos salva de toda mentira, veneno e engodo dos falsos mestres.