A poucos dias um irmão presbiteriano que
trabalha na mesma corporação a que pertenço me perguntou sobre o que eu achava
do Calvinismo e Luteranismo. Apesar de não ser teólogo ou expert no assunto,
discutimos durante o serviço noturno, claro que com respeito mútuo, de forma
amigável, produtiva e edificante sobre o assunto. Isso me incentivou a escrever
de uma forma resumida e simples para os mais leigos, como eu, qual é a minha
compreensão sobre o assunto, lembrando que os mais aptos também estão
convidados a falar a respeito.
O Calvinismo Aconteceu na Suíça e
teve como líder João Calvino. Calvino julgava Deus todo poderoso, estando a
razão humana corrompida, incapaz de atingir a verdade. Segundo ele, o
arrependimento não levaria o homem à salvação, pois este tinha natureza
irremediavelmente pecadora. Formulou então a Teoria da Predestinação: Deus
concedia a salvação a poucos eleitos, escolhidos por toda a eternidade, não
importando nem mesmo a fé para obter a tão sonhada salvação, muito menos as
obras ou a edificação pessoa como penitência para seus pecados. Nenhum
homem poderia dizer com certeza se pertencia a este grupo, mas alguns fatores,
entre os quais a obediência virtuosa, dar-lhe-iam esperança.
O Luteranismo aconteceu na Alemanha e teve como líder Martinho Lutero. A sua doutrina era: "Deus não nos julga pelos pecados e pelas obras, mas pela nossa fé", ou seja: A salvação não se alcança pela obra e sim pela fé, pela confiança na bondade de Deus e pelo sofrimento interior do fiel, e assim através da justificação pela fé, que o homem poderia ser salvo de seus pecados pela graça de Deus na medida que aprofundasse sua fé e escolhesse , por livre arbítrio, seguir a Deus através da Fé.
Então a diferença entre as duas
ideologias era de que Lutero acreditava que o homem podia escolher seu destino
perante Deus, de acordo com sua fé independente de obras, e para Calvino, o
destino das pessoas já estaria
predestinado antes de expressarem sua fé ou fazerem boas obras, os que
alcançariam a salvação já vinham ao mundo escolhidos.
Minha opinião
Discordar de um ou de outro não
nos faz mais ou menos homens de Deus, tenho profundo respeito tanto por Calvino
como por Lutero e creio piamente que foram homens enviados por Deus para
fazerem a obra aqui, independente da forma de que um ou outro interpretava.
Se formos estudar a fundo a tese
da predestinação veremos que essa tese serviu de base ideológica para o
capitalismo, hoje disfarçado de novo Calvinismo, Calvino ensinava que ninguém
pode saber se está predestinado ou não á salvação, a ser um dos eleitos por
Deus, dizendo ainda que Deus "dá pistas" de Seus desígnios e uma
delas seria a riqueza que alguém acumulasse e que seria a prova da sua eleição
como predileto de Deus.
A tese de Lutero diz que a
salvação é mediante a fé, independente das obras, ou seja : “Basta ter fé”,
porém a bíblia diz que a fé sem obras é morta (Tg 2:14-26), e que seremos
justificados segundo as nossas obras (RM 2:6).
Em parte concordo com Calvino
quanto a predestinação, porém entendo que todos estão predestinado à morte
eterna (Romanos
3:23 “Porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus;”), porém a graça (Efésios 2:8 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e
isto não vem de vós, é dom de Deus”) redentora de Deus pregada por
Lutero é que permite a ação do Espírito Santo para o convencimento e arrependimento.
Deus nos deu a capacidade de
pensar e discernir o que é bom e agradável aos seus olhos. Se levarmos o
Calvinismo ao pé da letra daremos azo aos mais “carnudinhos” a entenderem que
não importa como viva a vida, seja de forma santa ou profana, quem sabe a que
está predestinado é somente Deus, Ele mesmo por seus meios o trará de volta se
for para salvação. Por outro lado se levarmos o Luteranismo ao pé da letra
podemos também ser interpretados como quem apóia crentes carnais, tais como
vemos ultimamente, os quais entendem que basta ter fé, independente das obras
boas ou más, não importando se quem lhes são os exemplos a serem seguidos são o
mundo (a mídia, a moda, os prazeres) ou os homens bíblicos registrados nas
escrituras.
Portanto ao meu ver, tomar
partido para Calvinismo ou Luteranismo não traz edificação alguma, já que não altera
a conduta de um verdadeiro cristão e nem priorizam as evidências da conversão.
“Não sou
Calvinista, Luterano...,sou de Cristo”